A trama, onde não é explicitada a época, trata de um mundo onde é possível entrar na mente humana. Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto, ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard), sua esposa. Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos. Para entrar nesse mundo, existem vários "macetes". É necessário que as pessoas sejam sedadas, de um arquiteto para criar o mundo onírico, dos ladrões para armarem a trama e de uma pessoa capaz de se transformar de acordo com a personalidade da vítima. Cobb tem a principal função de conduzir o sonho, e roubar ou inserir uma ideia.
O que é fascinante no longa, é o fato do roteirista – também Nolan – ter buscado aspectos existentes dos sonhos e ter encaixado na história. Uma cena que exemplifica isso é quando Cobb está explicando a Ariadne como funciona todo esse esquema. Em certo ponto da conversa, ele indaga: "Como você chegou aqui?". Ela para, pensa e então responde: "Não sei". É então que Ariadne descobre estar em um sonho. Tal ponto ressalta o fato de nunca lembrarmos quando chegamos nele. Simplesmente estamos lá. Uma sacada bastante eficiente do diretor e roteirista. Outro aspecto de nossos sonhos mostrado na película é o fato de que só acordamos de um sonho quando morremos. Isso é visto incansavelmente em A Origem.
Percebe-se que Cristopher Nolan fez uma pesquisa voraz no assunto. O roteiro demorou aproximadamente 10 anos para ser finalizado. O cineasta, que se consagrou na franquia de Batman, é um dos jovens e celebrados diretores dessa geração. Seus filmes conseguem misturar entretenimento de massa, sem que descartar uma trama inteligente e complexa, onde não há precisamente um final definitivo. Geralmente, em filmes de entretenimento, os personagens são na maioria das vezes caricatos e sem profundidade emocional. Embora o filme não explore tanto as outras figuras, Cobb é um personagem digno de curiosidade. Perturbado pelo suicídio de sua esposa, que aparentemente enlouqueceu, o ladrão de sonhos vive em um impasse onde não consegue se livrar das memórias referentes à morte de Mal. Na maioria dos sonhos em que ele "trabalha", Mal está presente. E essa presença o distrai de sua função. Como é o caso de uma das primeiras cenas do longa, onde ela o atrapalha na missão de roubar uma ideia de Saito.
O que a presença constante de Mal significa? Na verdade, não é ela propriamente, e sim sua projeção do inconsciente de Cobb. O limbo em que viveram anos atrás é retratado no início e no fim da trama. Um pergunta intrigante é: e se Cobb nunca saiu de lá? Mal simplesmente enlouqueceu, ou realmente estava certa quando se matou, para sair do sonho em que ela acreditava estar? E no final do filme, quando vemos o objeto girando sem parar. Aquilo tudo foi um sonho? O que é real? A que realidade pertencemos? Será possível estarmos vivendo em um mundo onde é tudo imaginação? Como se pode constatar, A Origem veio para explorar e tentar entender o universo onírico e quem sabe, vermos que nada é tão real quanto parece. Ou é? Essa incógnita é o que há de mais atraente no filme. O final indefinido nos leva a diversas visões sobre o tema.
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